Estive recordando as fantásticas histórias narradas pelos primeiros moradores de Figueirão.
Uma das mais engraçadas foi a da esposa do Jorge Maria. Ele era um caboclo das proximidades dos garimpos do Jauru, e veio morar em Figueirão no comecinho da vila. Muito amigo do Moysés Galvão, logo se tornaram compadres, era meu padrinho de crisma. Foi casado no Jauru, mas havia abandonado a família e pretendia casar de novo por aqui, mas não era muito simpático às garotas Figueirãoenses. Assim que o patrimônio de Figueirão foi loteado, requereu uma chácara na Tapoca, onde plantava mandioca, banana, cana e cereais.Daí a necessidade de uma companheira para preencher o vazio do sertanejo. Construiu uma boneca de pano conforme a mulher de seus sonhos, batizou a com o nome de Lora e passou a conviver como marido e mulher. Ele conversava com ela, imitava a voz feminina, só não colocaram as alianças. Zé Cambeva, também morador da Taboca, passando nas proximidades de seu rancho ouviu diálogo entre homem e mulher: -Jorgim a cumida tá pronta. – já vo Lora, só vo impariá u eitu. Cambeva viu pelo buraco da parede da cozinha, quando ele serviu o prato e colocou no colo dela, serviu o dele, sentou pertinho de sua esposa de pano, feliz e realizado, almoçando e conversando assuntos rotineiros. Cada um se vira como pode.
Professor Admar de Araújo. Historiador